sexta-feira, 18 de março de 2011

Olhando Belém enquanto uma canoa desce um rio...

Cheuei em Belém hoje e sempre que estou aqui lembro dessa música que eu aaamo...Vale a pena conhecer

O sol da manha rasga o ceu da Amazonia
Eu olho Belem da janela do hotel
As aves que passam fazendo uma zona
Mostrando pra mim que a Amazonia sou eu
E tudo é muito lindo
É branco, é negro, é indio
No rio tiete mora a minha verdade
Sou caipira, sede urbana dos matos
Um caipora que nasceu na cidade
Um curupira de gravata e sapatos
Sem nome e sem dinheiro
Sou mais um brasileiro
Olhando belem enquanto uma canoa desce um rio
E o curumim assite da canoa um boing riscando o vazio
Eu posso acreditar que ainda da pra gente viver numa boa
Os rios da minha aldeia sao maiores do que os de Fernando Pessoa
( e o sol da manha rasga o ceu da Amazonia )
Olhando os meus olhos de verde e floresta
Sentindo na pele o que disse o poeta
Eu olho o futuro e pergunto pra insonia
Sera que o Brasil nunca viu a Amazonia
E vou dormir com isso
Sera que e tao dificil...

Nilsom Chaves e Vital Lima

Já contei que nasci no Rio de Janeiro? Sim, sou carioca da gema (demorei pra entender o que isso significava), mais nesse caso posso me considerar quase uma fraude já que meus pais me colocaram em um avião com 1 mês de vida (minha mãe veio junto, claro), sim, na época nem me deram chance de conhecer a cidade maravilhosa, só o caminho para o aeroporto e além do mais imagino o frio que eu devo ter passado naquele avião, houve uma preocupação geral da galera quanto ao meu estado de saúde, "ta roxa a bichinha"(quem sabe minha relação de amor e ódio com os aviões tenha vindo daí), então acho que mais correto seria dizer sou paraense, santarena, mocoronga (depois explico o que isso quer dizer, mais já adiantando, não é pejorativo).
Tacacá, comida típica com derivados da mandioca, jambú e camarão, HuUUm

Ver-O-Peso, símbolo de Belém por execelência
Pôr do sol, no rio Tapajos em Sanatrém-Pará
Eu adoro meu estado, minha região, o que falar da Amazonia...??Me decepciono constantemente com o ser humano, mais pouca coisa me deixa mais triste do que ouvir alguém (em geral outro brasileiro) falando mal dessa região (ou de qualquer outra), com idéias separatistas sem se dar conta que o mundo todo queria um pedacinho do que a gente tem "quase inteiro, 60% dela é nossa", (não vou entrar no mérito da discussão política, pelo menos não agora), claro temos mosquitos sim, dificuldade de acesso, faltam estradas ( para transportes terrestres, fluviais temos aos montes), isolamento?? depende, isso pode ser uma coisa boa dependendo do ângulo visto..Mais temos verde, natureza, animais (para aqueles que não sabem, não vemos onça ou jacaré atravessando as ruas), temos o açaí, o cupuaçu, o tacacá, o carimbó e o pôr-do-sol (os mais lindos que eu já vi). Já viajei um pouco, me mudei muito, morei em muitos lugares diferentes e longes daqui, mais por algum motivo sempre acabo voltando!!!

quinta-feira, 17 de março de 2011

ZO'É, que em tupi quer dizer- nós mesmos...

Hoje vou contar minha primeira jornada ao Cuminapanema e como começou minha história de amor com esse povo maravilhoso que vive no meio da Amazônia, mais precisamente entre os municípios de óbidos e Alenquer, no noroeste do Pará. Sim estou falando daqueles índios, aqueles dos livros de história, com arco e flecha, tipóia e cocar de pena, esse que na verdade é usado apenas pelas mulheres e em tupi se chama WIREHA.
Uma breve introdução: Quando os brancos (nós) que na minha opinião de brancos não temos nada, no Brasil somos todos misturados (para nosso orgulho ) e para eles em tupi os KIRAHI (nós de novo) perguntamos quem são vocês, eles responderam - Zo'É, que em Tupi quer dizer: Nós mesmos. Sim, simples assim, essa foi a resposta e esse é o nome deles...Zo'É. já ouviram falar?
Em 2006 fui abençoada com um convite pra conhecer essa etnia e fazer um levantamento da situação bucal, estava terminando minha especialização em endodontia em Minas Gerais e correndo, na verdade literalmente voando, voltei pra Santarém e claaaro, não acreditei no convite. Fui a uma reunião informal tratar de alguns detalhes, saber mais sobre a cultura, modo de vida, normas de convivência e outras questões importantes, essa reunião descontraída rolou as 16 hrs em um barzinho em Santarém, mais a discussão era séria. Depois de fazer todos os exames necessários (nunca tinha feito tantos e descobri que minha saúde estava ÓOtima) acertamos o dia da entrada...As noites seguintes foram longas mais finalmente chegou o dia, 16 de agosto (meu presente, 1 dia após meu aniversário).Outra coisa que tenho que contar: Mesmo amando viajar , não sou a maior fã de avião, de aeroporto sim, principalmente na chegada, mais não de avião, só para esclarecer nosso avião era um Cesna 206 , lugar pra 5 passageiros, sem exagero parecia um brinquedo de montar ou desmontar nesse caso...Tipo Lego sabe?? Não importou, me enchi de coragem e garanti meu lugar na cabine ao lado do piloto, com toda certeza não fui a melhor co-pilota, fiz mil perguntas e não desgrudei meus olhos dos dele, na verdade as vezes sim, o avião voava baixo e a paisagem da Amazônia, aquele tapetão verde é coisa de louco visto de cima e tão de pertinho...Mais nada me preparou para as situações que viriam. Quando pousamos depois de 1h e 15 de vôo e vi aquela molecada correndo na pista, aqueles homens fortes e bonitões com arco e flecha nas costas e aquelas mulheres lindas sorridentes e enfeitadas e claro todo mundo nu, foi de parar o coração...Poucas vezes senti uma emoção tão forte, não me continha de tanta felicidade, durante todo o tempo que passei lá quase não dormi, não queria perder nada , queria conhecer todo mundo,por volta de 240 índios na época, eu queria saber o nome de todo mundo, e a história deles e queria fotos de tudo e de todos, foi incrível...Agora surreal mesmo foi fazer meu 1 atendimento, o consultório completíssimo e muito mais bem equipado do que o que eu tinha na época. Quase não acreditei, não lembro exatamente quem foi meu primeiro paciente, mais garanto a vocês que como acompanhante tinha no consultório toda a família dele ou dela, aquilo era uma novidade pra mim, e quando digo família estou falando de aproximadamente 10 a 1 5 pessoas, alguns macacos, jabutis, papagaios, periquitos e qualquer outro animal silvestre de pequeno porte que possam ter em mente. Apesar de tudo não atendi muita gente nessa primeira vez, só alguns casos mais graves e não eram muitos, mais ainda vou falar sobre isso em outra ocasião.
Essa foi minha rotina, atendimentos, visita as aldeias, longas horas de histórias e risos, banhos de cachoeira, "aulas de arco e flecha" e muito mais...Tudo isso durou aproximadamente 1 semana, tempo suficiente pra eu me apaixonar por tudo e por todos e não largar mais esse povo. E estou lá até hoje e por quanto tempo mais eles me aceitarem, pois com tudo isso quem mais ganhou fui eu, experiências únicas que vou compartilhar aqui e assim deixarei vocês concluírem quem são os verdadeiros civilizados nessa história.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Me apresentando timidamente


Parque em Ferrara-Italia

Pré-episódio coca-cola, noite em Barcelona
 
 Acordei com a idéia de criar um blog, nunca tinha pensado nisso e to apanhando feio, eu sou daquelas sabe?? Ruim de internet... Eu admito, e preguiçosa também, a combinação não facilita muito. Mais acordei decidida e aqui estou eu...Não tinha idéia de como começar então acho que me apresentar é um bom começo..Sou dentista, não me importo com a classificação sou DENTISTA mesmo, nada de odontóloga ou cirurgiã-dentista pra ficar mais correto. Eu moro no interior do Pará, em Santarém/Alter do chão na Amazônia e trabalho com uma população indígena isolada, sim índios de verdade daqueles que a gente aprendeu nos livros da escola (quando estiver mais íntima desse site, coloco fotinhos..) Continuando, eu amooo esse povo, são incríveis, é uma das minhas grandes paixões e claro há muitas histórias interessantes que merecem espaços maiores, então fica pra outro post. Outra paixão tão grande é viajar..Amooo um aeroporto internacional, rodoviária, estações de trem, portos, amo fazer mala, sempre esquecendo coisas, chegar e correr para a lojinha comprar adaptador de tomada (isso sempre acontece comigo, nunca consigo comprar um universal, será que existe mesmo??) Eu amo aquela sensação de passar pela imigração mesmo com todos os documentos legais e sabendo das mínimas chances de te mandarem de volta pra casa, sempre fico com a boca seca, claro e ainda piora muito pois eu sou unilíngue, me viro no inglês só pra passar na imigração e não passar fome e arranho um espanhol como todo brasileiro principalmente no hotel para pedir uma coca-cola na hora da ressaca depois da balada, e  já estava me achando na Italia quando consegui comprar uma passagem de trem - Un biglietto piu economici, per favore, agora não sei o que parece, mais juro que falei certinho na hora, o ser humano consegue coisas jamais imagináveis na hora da necessidade...AAaahh tenho algumas histórias e muitos perrengues pra contar, mais como disse a idéia de criar o blog surgiu hoje e o principal motivo é que estou indo a Nova Zelândia por 3 meses (criei vergonha e vou fazer um curso de inglês) mesmo sabendo que ele foi mais uma desculpa para viajar do que pela real necessidade..Então para deixar a família e os amigos atualizados dos fatos e causos vou tentar manter uma regularidade aqui, colocar umas fotinhos pra matar o povo de inveja e proporcionar muitas risadas com meus perrengues...De verdade, eles vão acontecer e não serão poucos...Vou mantê-los informados.